Wednesday, March 31, 2021

Acidente na ponte 25 de Abril

O navio graneleiro Ionic Hawk, embateu esta tarde no pilar Sul da ponte 25 de Abril. O navio precedente de Casablanca, devia ter fundeado no Quadro Ocidental do porto de Lisboa, para efectuar um reabastecimento. Não conseguiu efectuar essa manobra e acabou por embater no pilar Sul da ponte 25 de Abril, tendo avançado para montante. Posteriormente regressou ao fundeadouro onde deveria ter lançado âncora, a jusante da ponte. Aí foi submetido a inspecções segundo a informação da Autoridade Marítima Nacional. Pelo estado do casco do navio e pela sua bandeira, este tipo de acidentes são de prever. A bandeira das ilhas Marshall significa que a tripulação que opera o navio é mal paga e os tripulantes são tratados como escravos pelos seus patrões. Logo os resultados são acidentes deste tipo com maior frequência. O péssimo estado de conservação do casco do navio também indica uma poupança excessiva na manutenção e cuidado com o navio, pelo que neste incidente a culpa deve recair sobre quem autoriza que este tipo de situações aconteça.

O bolbo do navio, a zona que embateu na ponte. Aparenta estar não danificado pela foto registada depois do incidente.

Apesar de maltratado o Ionic Hawk tem um esquema de pintura do costado, bastante bonito. É um navio de 2012, com 22432 t GT, com 180 m de comprimento e 30 m de largura. Navega com o IMO 9608673 sob uma bandeira de um país que permite que os tripulantes a bordo trabalhem e sejam escravizados. Situação que nem deveria ser permitida. As bandeiras que permitem a escravidão a bordo deviam ser eliminadas dos mares.

Segundo o comunicado da Autoridade Marítima Nacional a ponte não sofreu danos, tal como era de esperar, pois está construída para resistir a choques de navios sem que a sua capacidade resistente estrutural seja afectada. Para aqueles que não sabem ou desconhecem, a base dos pilares da ponte possui um maciço de betão que é bem visível desde as margens do rio, cuja função, além de toda a componente relacionada com a hidráulica é assegurar que um embate de um navio não cause danos na ponte. Está construída de modo a que numa situação destas o navio "afunde" e a ponte continue cumprindo a sua função.

A base dos pilares da ponte 25 de Abril, ao nível da linha de água, comparada com um navio de grandes dimensões que por ali navegam. Registo do dia anterior ao incidente.

Esta situação é semelhante àquela dos armadores nacionais que registam os seus navios na ilha da Madeira e vendem isso nos meios de comunicação social privados, como se fosse uma coisa boa para o país. Na verdade o registo de navios na Madeira também permite umas leis laborais que facilitam o esclavagismo a bordo de navios, incluindo navios de passageiros. Significa que conseguem mais lucros à conta do trabalho dos seus empregados, e fogem aos direitos laborais dos mesmos. O Ionic Hawk tem prevista a sua saída de Lisboa, amanhã após reabastecer. A mesma deverá acontecer caso o navio não possua nenhum rombo no casco que o impeça de navegar.

Fassa

Saída do navio graneleiro Fassa. Um dos maiores navios que conseguem atracar no cais do Beato. Esteve neste cais cerca de 10 dias, onde descarregou a sua carga. 

Na saída ainda se cruzou com o Phobos, que estava de chegada
Daqui saiu em lastro com destino à Argentina, onde muito provavelmente voltará a carregar com destino à Europa. O Fassa está registado nas famosas ilhas Cayman. Pertence à Equinox Maritime lda, uma companhia especializada no transporte marítimo de longa distância, com origens Gregas.


É um navio com 15 anos de idade (2006), 190 m de comprimento e 32,26 m de boca. Tem 30936 t GT, e 4 gruas que lhe permitem operar sozinho.

Este navio já fez história em Viana do Castelo, ao tornar-se no maior navio de sempre que aquele porto recebeu a 16 de Fevereiro de 2019, quando ali atracou para descarregar 17 000 toneladas de soja.

Tuesday, March 30, 2021

Phobos

É cada vez mais raro fotografar navios antigos ou navios bonitos. Conjugar as duas coisas então mais difícil ainda se torna. Contudo por vezes acontece e deparo-me com algumas raridades como o Phobos que esteve alguns dias fundeado ao largo de Cascais a aguardar cais, e acabou por entrar em Lisboa, directo ao cais do Poço do Bispo, hoje ao final da tarde. 

O Phobos veio das Canárias e vai carregar no Poço do Bispo, devendo depois sair com destino à proveniência. É um navio de 1983 com o IMO 8208919, propriedade da empresa armadora Arabella Enterprises Corp, com sede nas Canárias. 

Já teve vários nomes desde que saiu do estaleiro JJ Sietas em Hamburgo. Entre eles Hans Gunter Bulow (1983), Timbus (2000), Langenes (2013), P (2018), PCQ E C (2018), estes dois últimos nomes a denunciarem uma proximidade a algum sucateiro...

É um navio de carga geral, bonito, com gruas antigas e design elegante, como já não se constroem navios. Tem apenas 94 m de comprimento, 17 m de boca, e 4043 t (GT). Navega com a bandeira do Panamá muito provavelmente para disfarçar os muitos dias de mar e milhas navegadas. Tem 5,1 m de calado e capacidade para 290 TEUS. 

Enquanto o Phobos chegava a Lisboa, em Alcântara operavam os navios Vega Vela e o Elan.

Sunday, March 28, 2021

Pesqueiros Irlandeses

Registo de alguns navios de pesca, Irlandeses, neste caso dragas de mexilhão fotografadas em plena actividade ao largo da baía de Howth, Dublin.

O Emerald Gratia, com 49 m de comprimento e 10 m de largura. Tem o IMO 9342449 e registo em Westport, Irland. O número de casco é o WT-231 e o ano de construção foi 2005 (16 anos).
O Rona é uma draga de mexilhão. Tem o número de casco SO-977, registo em Sligo, um porto precisamente no lado Oeste da ilha Esmeralda e da sua principal cidade Dublin.
O Rona é um navio de 2005, com 343 t GT, 40 m de comprimento e 9 m de largura. Navega com a bandeira da Irlanda.
A draga de mexilhão, Maria. Apesar de Irlandesa, o nome é bem Português. Navio registado no porto de Sligo e com ano de construção de 1978. Apesar de ser uma construção diferente dos navios nacionais a idade consegue-se notar, pelo design do casco. Tem registo de casco SO 964A.
Para finalizar deixo este interessante vídeo sobre esta técnica de pesca, que para muitos poderá ser desconhecida. De referir que apenas é efectuada em locais devidamente licenciados e que se dispensa comentários sobre amigos de animais e comedores e fumadores de erva.

Thursday, March 25, 2021

Halki e Anafi


O navio Anafi deu saída da doca seca no dia de hoje para dar lugar ao ferry Fiesta. O Anafi como se pode ver pela foto, deu o braço ao seu irmão Halki e encontram-se ambos agora acostados ao cais de aprestamento do estaleiro da Naval Rocha.

NRP Figueira da Foz

O N.R.P. Figueira da Foz passando pela ponte 25 de Abril esta manhã. Na falta de navios de passageiros, resta o registo daqueles que repetidamente entram e saem o Tejo nas suas tarefas quotidianas, neste caso a patrulha das águas territoriais Portuguesas, tarefa para a qual foi construído este navio patrulha Oceânico, em Viana do Castelo. 

Tuesday, March 23, 2021

Sky ao amanhecer

Registo de mais um navio que demandou o Rio Tejo para abastecer, apenas. O Sky, o navio tanque que veio da Corunha, amanheceu no rio Tejo e partiu de Lisboa pelas 9 h da manhã, com destino ao fundeadouro de Cascais onde permanece.
A tripulação preparava o levantar do ferro na proa, enquanto a escada quebra-costas aguardava a chegada do piloto.

O Sky é um tanque petroleiro com 14 anos de idade, 183 m de comprimento e 27,5 m de boca. Navega com o IMO 9380350 e a bandeira das ilhas Marshall.

Sunday, March 21, 2021

Fiesta, o novo ferry de Cabo Verde



Chegou a Lisboa na passada quinta-feira, dia 18 de Março, o pequeno ferry Fiesta, ex-Fiesta Mail. Um navio construído em 2002 na China e que operava até agora nas Caraíbas, na região onde normalmente operam os navios de cruzeiros. Portos como Miami, Fort Lauderdale, Cat Island ou Grand Bahama são alguns home ports deste pequeno ferry.  
Com 68,6 de comprimento e 15 m de boca este navio encontra-se em Lisboa com a bandeira de Vanuatu e a aguardar reparação programada no estaleiro da NavalRocha. Até agora operou pela Mail Boat Company nas Bahamas, empresa que atualmente se encontra com algumas restrições de operação devido à atual pandemia.

Atualmente o seu armador é a empresa Cabo Verdiana CV Interilhas, o que levanta suspeitas de que possa seguir para Cabo Verde quando deixar o estaleiro naval. É um ferry com algumas características que diferem dos outros navios deste tipo, nomeadamente o mastro colocado na proa e as cores que saem do padrão aceite como normal.

Tem o IMO 9266724, e 2485 t (GT). Tem capacidade para 450 passageiros. Deverá deixar Lisboa por volta do dia 18 de Maio.

Star Istind

Star Istind é mais um navio que veio, hoje, ao Tejo abastecer combustível durante 3 h. Provavelmente o fornecimento de combustível mais amigo do ambiente, com 0,5% de enxofre faz com que mais navios optem por vir ao Tejo abastecer. Este combustível fornecido aos navios em Lisboa, encontra-se de acordo com as novas regras IMO. Permite que os navios sejam menos poluentes e mais eficientes uma vez que o combustível possui menos enxofre. Através da combustão de um combustível menos pesado, os navios acabam por lançar menos poluentes na atmosfera e permite um maior equilíbrio energético global. 

O Star Istind, chegou a Lisboa pelas 10 h e saiu pelas 18 h na sua viagem de Ferrol para o Estado Americano do Texas, porto de Corpus Christi.

Este navio tem o IMO 9182954 e pertence ao armador Norueguês, Grieg Shipping II As. Encontra-se com uma carga de pás eólicas a bordo. 

Tem a particularidade de não ser um tipo de navio habitual em Lisboa, pelo facto de estar equipado com gruas pórtico, cobertas. Este tipo de navios é designado como OHGC (Open Hatch General Cargo). São navios desenvolvidos especificamente para o transporte de produtos florestais, cargas secas e paletizadas, tais como cargas sensíveis à água, como por exemplo papel. Isto permite-lhe operar mesmo em condições de chuva, sem que isso danifique a carga içada dos porões ou deck do navio. Habitualmente os navios que visitam Lisboa possuem apenas gruas giratórias, não possuindo este tipo de gruas com protecção à chuva, uma vez que somos um país com cerca de 260 dias/ano de sol.

A utilização deste tipo de gruas não é muito usual, porque além de aumentarem a tonelagem do navio, retiram-lhe aerodinâmica e aumentam as restrições de visibilidade, nomeadamente na travessia do Canal do Panamá. Contudo em alguns portos (países) são mesmo essenciais e justificam a existência de inúmeros navios com as mesmas.

Os 13,2 m de calado máximo e a selfie de despedida dos tripulantes a Lisboa, na proa do navio.

Este navio tem 198 m de comprimento, 32 m de boca e 32628 t (GT). Foi construído em 1999, e pode atingir até 12 nós de velocidade. Navega com registo em Bergen, Noruega.

Saturday, March 20, 2021

Bever

Castor; Bever em Holandês, é o novo rebocador que se encontra atracado no cais da Rocha, desconhecendo-se se foi ou não adquirido pelas empresas Portuguesas para reforçar a sua actividade de reboques nos portos nacionais. Encontra-se com registo (IJmuiden) e bandeira Holandesa. É um rebocador com 36 m de comprimento por 11 m de boca e com uma força de tracção de 70 toneladas o suficiente para conseguir tracionar um navio de cruzeiros sozinho. Tem o IMO 9492256 e as cores da Iskes tugs (Holanda).

O toca e foge do Frijsenborg

Escala relâmpago, a que o ro-ro ferry Frijsenborg efectuou em Lisboa. Quase nem deu para o registar devidamente. Deu entrada no Tejo e fundeou no quadro ocidental por algumas horas apenas para abastecimento e seguiu a sua viagem de Gibraltar para Hamburgo. Uma oportunidade rara para fotografar um tipo de navio bastante comum pela Europa fora e raríssimo em Portugal. Com bandeira Italiana o Frijsenborg tem 179 m de comprimento, por 26,21 m de largura. Este ferry tem 2546 metros lineares de carga rodada. Foi construído em Itália em 2016, e tem porto de registo em Bari. O nome é emprestado de uma mansão na Dinamarca, próxima de Aarhus. Depois de ter operado no Mediterrâneo e no transporte de peças da Airbus por mar, com o nome Spirit of Montoir, o Frijsenborg tem agora o seu futuro um pouco incerto e desconhece-se qual o seu futuro, embora se suspeite que esta viagem se trata de um reposicionamento do Mediterrâneo para o Norte da Europa ao serviço de eventuais novos afretadores.

Wednesday, March 17, 2021

Daniel K.

Registo da chegada a Lisboa, esta tarde do navio Daniel K, um pequeno navio de carga geral que veio do porto Francês de Rouen, cidade a cerca de 111 km de Paris, nas margens do rio Sena. Vem descarregar cereais para se produzirem os "originais"  produtos Portugueses e demais derivados dos cereais importados de França!
O Daniel k. é um navio pequeno, apenas com 90 m de comprimento e 16 m de largura. Consegue ter um calado máximo de 7m e atingir uma velocidade de 12,3 nós. 


Foi construído no estaleiro Rousse na Bulgária. É operado pela Alstership, sendo o armador a Rufinia Beheer B.V.
Pormenor da proa do navio, mergulhada nas águas do Tejo.

Navega com as suas 3037t (GT) com o IMO 9198654 desde 2002. A bandeira é Holandesa com registo em Delfzijl. 


A entrada e passagem pelo emblemático pórtico da Lisnave, em Cacilhas.

Sunday, March 14, 2021

Os Portugs

Da direita para a esquerda: Portugs Sines, Portugs Cascais, Portugs Leixões, e ao fundo o Peneda da ReboSado.
Depois da "extinção" da Svitzer Portugal, nasceu a Portugs, que é a Svitzer mas com outro nome e outros donos, supostamente. Em termos de rebocadores e de fotografia ficou tudo quase igual. Os nomes alteraram-se ligeiramente só para não parecer que nada tinha mudado mesmo. Assim desapareceu o Svitzer e nasceu o Portugs no costado dos rebocadores antes do nome principal. O que poderá  ter mudado é a chegada de remessas de rebocadores fora de uso em outros portos e que com alguma frequência chegavam a Portugal e por aqui ficaram.
Portugs Sines, ex-Svitzer Sines



Lancha Bojador


Os primeiros aspectos, neste blogue, da nova lancha de fiscalização da Guarda Nacional Republicana (GNR), Bojador P01 (2021). Ao que se sabe a lancha poderá ser afecta ao serviço de vigilância nas águas da ilha da Madeira onde a Marinha Portuguesa possui em permanência os seus meios navais e onde os casos de toxicodependência e consumo de drogas têm vindo a aumentar de forma exponencial, sem que se encontrem culpados, nem ninguém seja capaz de detectar e interceptar como entra a droga na ilha. Com este novo meio de combate ao banditismo, talvez se consiga algum progresso nesse campo, visto que os meios até agora disponíveis não servem os interesses dos que vêem as suas famílias serem desgraçadas pelos estupefacientes.

A GNR divulgou que este meio se destina ao maior controlo e fiscalização de enseadas e angras e aos tipos de actividades que aí se desenrolam.

A nova lancha construída pelo estaleiro Damen em Singapura, chegou a Lisboa a bordo do cargueiro Pia, no dia 28 de Fevereiro, por volta das 11 h. Tem permanecido atracada em Lisboa, primeiro no terminal do Beato onde foi descarregada e depois rumou à Rocha, onde é visível nestas fotos e onde tem recebido a bordo os militares da Guarda Nacional Republicana, muito provavelmente em formação.

A Bojador custou 8 485 770€ sendo a primeira lancha de mais 3 que se seguem. Embora esta vá ser a maior de todas as que se seguem. Tem o IMO 9881718. Em termos de características técnicas esta lancha tem 34,95 m de comprimento, 7,35 m de boca e um calado de 2,5 m. Possui um casco em alumínio marítimo. É o projecto Fast Crew Supplier (FCS) 3307 do estaleiro Holandês Damen e cujas características técnicas assim como fotos de interiores podem ser vistas com mais detalhe aqui. Neste momento é um meio naval que equipa pelo menos 6 países. 

O Cabo Bojador é um cabo situado na costa de Marrocos, que foi dobrado em 1434, por Gil Eannes. Até à data era conhecido como o Cabo do Medo. Esperamos que medo seja o que os prevaricadores vão sentir quando esta lancha os abordar em flagrante delito.