Tuesday, May 5, 2020

Um navio com medo de piratas

Navio hidrográfico e de pesquisa geofísica, Fugro Supporter que chegou no dia 3 pelas 10h, desde as Canárias para abastecer-se. A sua saída está prevista para o dia de amanhã novamente com as Canárias como destino anunciado. Navio construído em 1994, com o IMO 8518364 e 2065 toneladas. Tem 75 m de comprimento, 12,5 m de boca e 5,3 m de calado. Tem capacidade para receber 47 pessoas a bordos entre as quais 17 tripulantes. Este navio está vocacionado para a inspecção de cabos submarinos.

Não deixa de ser interessante a protecção com arame farpado militar que o navio ostenta ao longo de todo o casco contra a pirataria, nada usual nos navios que visitam Lisboa. A razão disto será porque provavelmente esteve ou estará a operar numa zona onde a pirataria ainda existe. Sendo um navio que não se consegue deslocar rápido (12 nós) e devido ao tipo de actividade que desempenha, necessita de ter acesso à água, então teve de recorrer a este tipo de protecção adicional para que piratas não subam a bordo e ataquem a tripulação que segundo as regras no mar, não pode estar armada, tal como todos os cidadãos civis, em terra.

MSC Fantasia e SeaDream I

Continua estacionado no cais de passageiros de Santa Apolónia, em Lisboa o navio MSC Fantasia. Com a situação mundial instável, em termos de evolução da pandemia por Covid-19, as companhias continuam sucessivamente a adiar o recomeço das suas actividades, esforçando-se por manter os navios com tripulações mínimas e estando de momento algumas a efectuar o repatriamento de tripulantes utilizando os próprios navios. Não existe ainda uma data conhecida para saída deste navio de Lisboa. A MSC Cruzeiros, estendeu o seu período de suspensão de actividade de toda a frota até ao próximo dia 10 de Julho. 

Portugal, neste momento encontra-se em estado de calamidade, sendo que existem ainda muitas restrições à livre circulação de cidadãos, nas ruas e quanto ao tipo de actividades de podem desempenhar. Contudo continuam a chegar ao país estrangeiros por via aérea, o que não se consegue muito bem entender. 

A receber mantimentos esteve hoje o SeaDream I, este navio também sem data de saída ainda prevista, tal como o seu irmão gémeo que deverá deixar o estaleiro naval dentro de 2 dias. Na zona da piscina os tripulantes do SeaDream I improvisaram um campo de basquetebol para ajudar a passar o tempo, a bordo.

Monday, May 4, 2020

Navios clássicos

Recordando a escala de 2 navios clássicos em Lisboa, o Astoria operado pela Britânica Cruise & Maritime Voyages e o Saga Pearl II, operado pela também Britânica Saga Cruises. Curiosamente o Saga Pearl II anteriormente já se tinha chamado Astoria, pela Transocean Tours. Atualmente o Astoria encontra-se em Londres aguardando o final da pandemia Covid-19 e o Saga Pearl II, após ter sido substituido pelo Spirit of Discovery, na Saga Cruises, foi vendido e encontra-se no porto de Perama à espera de novos operadores. Em Janeiro foi anunciado que o Astoria terminará o contrato com a Cruise & Maritime Voyages em Outubro próximo. Esperamos que ambos possam sobreviver à atual pandemia e navegar por mais alguns anos.

Thursday, April 30, 2020

Tall Ships adiada

Uma decisão hiper tardia, mas acertada. A Tall Ships 2020, que iria acontecer em Lisboa de 2 a 5 de Julho, foi adiada para 2021. Acontecerá de 2 a 5 de Setembro de 2021. O adiamento do evento está relacionado com o elevado aglomerado de pessoas que este evento trazia à cidade. Em 2021, esperamos pelos grandes veleiros e por uma normalidade da situação a nível mundial. 

Terminal de Santa Apolónia afectado pela Covid-19

O terminal de contentores de Santa Apolónia foi afectado pela doença Covid-19. Segundo a comunicação social um dos seus trabalhadores foi detectado com a doença e as medidas da Direcção Geral de Saúde foram implementadas no local, estando a actividade do terminal suspensa. Apenas de notar que é a partir deste terminal que as ilhas Portuguesas fazem as trocas comerciais com a região de Lisboa, podendo dessa forma esta situação poder afectar o normal decurso das operações com as ilhas.

Tuesday, April 28, 2020

Cais de Gaia

Bonita imagem do cais de Gaia, antes dos actuais acontecimentos, onde se pode ver da frente para trás, no cais, os dois veteranos dos mares da Madeira, o Pirata Azul e o Independência da Barcadouro, atrás destes está o navio da Douro Azul, Douro Queen e o mais escondido de todos o navio Douro Cruiser  da Nicko Cruises. De braço dado com este, está o Viking Osfrid, no meio, da Viking Cruises e por fora encontra-se o Douro Splendour também da Douro Azul. Melhores dias virão e espera-se que todos voltem a navegar com turistas pelo Douro acima e Douro abaixo, até à fronteira com Espanha.
De um outro ângulo vemos de braço dados os navios Viking Osfrid, por fora, e Viking Torgil no meio. No cais, o Douro Cruiser e na proa destes o Douro Queen.

Monday, April 27, 2020

Pormenores

Anthem of the Seas, Girafa.

O ferro do Wind Surf, fora do sítio?
Wind Surf, recorte na chaminé para passagem de cabos e mastros

Saturday, April 25, 2020

barco Évora

A "nova" chaminé do barco Évora.
Reflecte tudo aquilo em que o turismo se tornou...

Douro Internacional

A pequena embarcação, Douro Internacional, navega na parte do rio Douro que já não é acessível aos hotéis que navegam no Douro. Parte do cais da Congida em Freixo de Espada à Cinta, e faz percursos de cerca de uma hora e meia no rio Douro. Possui capacidade para 40 pessoas, bar, instalações sanitárias e ar condicionado. Ao remarcar as suas férias deste ano não se esqueça qual é o país mais bonito para visitar. Visite a página do operador, fique a conhecer mais algumas imagens deste destino e os contactos do mesmo.
Esta parte do rio Douro, conhecido como Douro Internacional, é a fronteira natural entre Portugal e Espanha. É uma região de parque natural, onde se podem observar enormes escarpas sobre o rio e onde habitam aves de rapina que se encontram ameaçadas de extinção. Estas ali encontram a sua casa e um lugar seguro para nidificar. Entre as espécies ameaçadas que vivem nesta zona podem observar-se a cegonha preta, o abutre do Egipto e a águia real, entre cerca de 125 espécies que se podem encontrar no parque natural do Douro Internacional.
O desenvolvimento do percurso desta embarcação faz-se entre duas barragens, numa zona não acessível por eclusas, num troço onde rio chega a atingir 70 m de profundidade entre as escarpas estreitas. 
Os operadores desta região são por norma operadores mistos, por razões geográficas.

Thursday, April 16, 2020

Quarentena em Lisboa

Desde o início da pandemia por Covid-19, que um pouco por toda a parte se voltou a ouvir falar em quarentena, uma palavra desconhecida do léxico de muitos e por outros conhecida mas quase impensável de acontecer, devido a estarmos em 2020 e termos acesso a cuidados e serviços de saúde que pareciam infalíveis. Contudo alguns aperceberam-se que tudo é ténue, e pode quebrar-se e acabar a qualquer momento da forma que conhecemos. E em pleno ano de 2020 deparamos-nos com uma doença para a qual ainda não sabemos qual a cura ou tratamento adequado.
As doenças epidemiológicas que exigem quarentena, deixaram de ser frequentes na população Portuguesa e os Lazaretos foram substituídos por hospitais e cuidados médicos que evitam as quarentenas e o isolamento social, como sejam medicamentos eficazes no combate a certas doenças, vacinas, meios de diagnóstico e tratamento avançados que permitem identificar doenças e preveni-las e assim evitar isolamento.
Contudo ainda existem vestígios do passado que nos remetem a situações idênticas àquela que estamos a viver actualmente. Mostro hoje um desses exemplos, às portas de Lisboa e que serviu a população Lisboeta e possui uma ligação ao mar e aos navios. 
Tratam-se das ruínas do Lazareto de Lisboa, ou também conhecido como Asilo 28 de Maio, em Porto Brandão, Almada, sobranceiro ao rio Tejo. 
Lazareto é um edifício próprio para quarentenas, com capacidade para receber e desinfectar pessoas e objectos provenientes de lugares onde existam doenças epidémicas ou contagiosas. Teve a sua origem como um dos dispositivos criados no combate à lepra, considerada uma doença muito grave e que atingiu o Ocidente pela Idade Média. Doença que ainda hoje existe mas é facilmente curável com medicação. Tiveram uma boa aceitação social, devido à segregação e isolamento social dos doentes da restante sociedade.
Este soberbo edifício com uma vista deslumbrante sobre Lisboa, actualmente ao abandono, foi o centro de acolhimento aos suspeitos de infecção com doenças contagiosas, à chegada a Lisboa, quando o meio de entrada ainda eram os navios e ainda não existia aviação comercial.
Terminada a construção do actual edifício em 1869 (151 anos depois a história repete-se!), mas existindo já desde 1570 neste local, o edifício apresenta planta em forma de ferradura, que permitia a ronda de militares para controlo daqueles que tentassem quebrar o isolamento a que eram ali sujeitos. Fazem parte destas ruínas espaços que foram jardins interiores, cozinha, salões e corredores que ligavam as áreas de enfermaria com as de quarentena.
O acesso era feito desde o cais existente na base da escarpa, onde actualmente se situa parte de uma unidade industrial, e ao longo desse acesso ainda existem as ruínas dos armazéns de desinfecção de bagagens. Bem no centro da construção é possível ainda ver uma enorme chaminé que fazia parte do forno crematório, onde eram cremados aqueles que não resistiam às doenças que traziam consigo, nos navios, de países assolados por doenças infecto contagiosas. 
O edifício possuía também um cemitério anexo onde eram enterrados aqueles que pereciam. Este edifício efectuava o serviço sanitário do Porto de Lisboa e a quarentena abrangia também as bagagens e mercadorias dos navios, que eram sujeitas a desinfecção em câmaras de desinfecção próprias, devidamente equipadas. Uma figura célebre que aqui permaneceu em quarentena foi Rafael Bordalo Pinheiro, o célebre escultor e criador da figura Zé-Povinho, na sua viagem de regresso do Brasil. Ali escreveu um livro, com o título No Lazareto de Lisboa que pode ser facilmente obtido na internet de forma livre.

Sabe-se que em 1919 já se encontrava fora de funções. A partir de 1928 (há 92 anos) foi ali instalado o Asilo 28 de Maio, uma dependência da Casa Pia de Lisboa, que servia de alojamento feminino para indigentes. Por volta de 1960 (+-60 anos), o edifício foi abandonado após uma derrocada parcial do edifício em que houve vítimas mortais.

Desde então encontra-se ao abandono, sendo propriedade do Estado mas sem entidade conhecida pela sua tutela, embora o acesso esteja fechado e com sinais de alguma vigilância por entidades ou pessoas desconhecidas. É só um dos melhores lugares com vista sobre Lisboa, onde os doentes nunca se queixaram da paisagem que lhes era proporcionada nos longos dias que ali eram sujeitos a permanecer. Tal como em todos os outros episódios da história muitas outras histórias este local guarda, mas que não se enquadram no principal objecto deste blogue, os navios. Na região de Lisboa existem mais ruínas de edifícios deste tipo, mas as quais não estão ligadas aos navios, tal como esta está.

Contíguo a este espaço existe um outro monumento de interesse patrimonial e classificado como monumento nacional desde 2012, o Forte de São Sebastião da Caparica cuja história se encontra ligada também a este edifício e à protecção militar da entrada do rio Tejo. Ambos se encontram em situação de abandono. Aconselho a visita virtual aos seguintes links para obtenção de mais informação sobre este sítio: 1 2 3. É também fácil aceder a algumas fotografias recentes deste espaço disponibilizadas na internet.
O lazareto quase imperceptível no seu abandono, no topo da chaminé do Ventura, visto desde Lisboa.
Quando os passageiros entram ou saem de Lisboa certamente que reparam neste edifício o qual hoje demos a conhecer neste blogue, pois não passa nada despercebido, a sua imponência e estado avançado de degradação. É facilmente observado por quem navega no Tejo e mesmo a partir de Lisboa. Existe quem defenda a sua reconstrução e aproveitamento para outros fins, devido ao elevado valor e localização que possui, porém parecem não existir meios para que tal aconteça.